Prata dourada e prata branca, esmaltes policromos, fotografia@Paulo Meireles

Cálice e patena

1520-1540 , MMIPO Museu da Misericórdia do Porto

Em 1834, João Allen comprou às freiras do convento de Arouca dois cálices e patenas de ourivesaria quinhentista (1520-1540), atualmente pertencentes à Santa Casa da Misericórdia do Porto, em depósito no MMIPO Museu da Misericórdia do Porto. Estes objetos para celebrações solenes integram-se numa tipologia que faz a transição da linguagem estética e formal do gótico final, com propostas ornamentais já de clara influência renascentista “ao romano”.

[g-gallery gid=”5757″]

A patena que acompanha o cálice é de formato circular, com fundo duplamente rebaixado, tendo ao centro e engastado um medalhão esmaltado, circundado por seis lóbulos, onde se insere num escudo a insígnia D. Melícia de Melo: coluna circundada por uma corda ladeada por dois flagelos. Circunda-o uma faixa larga com o seu lema inscrito em esmalte opaco verde-escuro: A[B] ISTIS MINE ALLI GRAVETEUR (Com estes nem pelo mínimo sejam os outros agravados). Na aba, circunscrita por filetes com motivos estilizados surge a inscrição, em caracteres góticos, que identifica a doadora: AD LAUDEM DEI MILICIA ABATISA ME FECIT (Em louvor de Deus me fez a abadessa Melicia).

  • 1520-1540
  • Portugal
  • Museu Allen, Objetos Históricos, Obras de Arte
  • Prata dourada e prata branca, esmaltes policromos
  • 00002
  • Alt. 31,5 x larg. 22,2 x prof. 22,2 cm
  • Santa Casa da Misericórdia do Porto

Caracteriza-se por uma base circular de recorte mistilíneo, sobrelevada por gradinha vazada, com doze lóbulos circundados por platibanda coroada por flores-de-lis. Cada um dos lóbulos apresenta, em relevo, as figuras de Cristo e cinco Apóstolos em alternância com albarradas, sobre as quais foram aplicadas margaridas, em prata branca. A haste, de secção hexagonal, é praticamente preenchida pelo maciço nó acastelado, com dois registos marcados exteriormente por pináculos e remates de botaréus. Ambos divergem no tratamento ornamental: no primeiro, cada uma das faces apresenta pequenas figuras de santos dispostas sob edículas, enquanto no segundo dominam fenestrações góticas. Na copa campanular lisa corre na orla, gravada em negativo, uma das fórmulas eucarísticas da consagração: HIC EST ENIM CALIX NOVI TESTAMENTO (Este é de facto o cálice do Novo Testamento). Sobre a copa define-se a falsa copa, rematada superiormente por um anel espiralado, com uma decoração relevada que utiliza alternadamente figuras de anjos, jarros romanos e margaridas, aplicadas. Pequenas argolas marcam a ausência dos tintinábulos que exibia à época.

Adicione o seu comentário