No passado fim de semana com diversas limitações devidas às restrições pandémicas decorreu a Festa das Rosas em Vila Franca, Viana do Castelo. Conhecida pelos seus fabulosos cestos floridos, a Festa das Rosas abre o ciclo de festivo no Alto Minho.
Remonta ao ano de 1622 o costume dos cestos floridos de Vila Franca do Lima, ocasião em que foi constituída a Confraria de Nossa Senhora do Rosário. Desde então, milhares de pessoas afluem a Vila Franca, em Viana do Castelo, todos os segundos domingos de maio, em devoção ou simplesmente atraídos pela beleza singular da festa, tendo o número de visitantes aumentado nestes últimos anos.
Os cestos são revestidos e enfeitados com folhas, múltiplas flores naturais dos mais variados tons e matizes. Estas pétalas e folhas que também desenhadas, como se de uma pintura artística se tratasse, apresentam paisagens, monumentos, brasões e outros motivos decorativos que relevam bem o talento e a criatividade dos bordadores e de todos os que ajudam na sua construção, as imagens ou simbolismos representados nos cestos partem do íntimo de cada mordoma, rapariga que para ser mordoma tem que ter sido batizada em Vila Franca do Lima e ter 18 anos de idade até o dia da festa. Estas obras de arte são fixadas por milhares de alfinetes de cabeça, que as mordomas têm que transportar à cabeça num circuito de cerca de 1300 metros para os oferecer a Nossa Senhora do Rosário. De referir que, cada cesto florido atualmente chega a pesar entre 35 a 45 quilos!
Raul Pereira (Pereira, 2018), descreve:
“… que envolve toda a sua população numa celebração do ciclo de inicio da Primavera e de passagem das raparigas à idade adulta; recorrendo, para isso, ao culto da Senhora do Rosário, efectivado com o transporte, à cabeça, de pesados objectos de arte floral comummente denominados por cestos floridos. Estes cestos são elaborados com o recurso a toda a sorte de matérias vegetais. Com raízes que se perdem no tempo, mas aparentemente documentada desde 1622, a entrega de flores à Senhora das Rosas (Senhora do Rosário), pelas mordomas que completam dezanove anos até ao dia da festam impõe a toda a comunidade da aldeia, no decorrer do ano, um trabalho constante que culmina numa grande romaria.”
Festa das Rosas 2019
A Câmara Municipal de Viana do Castelo aprovou um parecer positivo ao registo da Festa das Rosas de Vila Franca, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI). A vereadora com o pelouro dos equipamentos culturais, Carlota Borges, afirmou que este pedido tem em vista reforçar «a proteção legal de todo o simbolismo e expressão cultural que as festas representam no plano local e nacional».
Termino, conforme refere Raul Pereira no seu livro, mais do que uma tradição religiosa é uma tradição e gosto de uma comunidade
Pereira, R. (2018). DENTRO DE UM CESTO DE ROSAS. Viana do Castelo: Câmara Municipal de Viana do Castelo.
