João Allen, é o décimo primeiro filho de Duarte Guilherme Allen, nascido a 01 de maio de 1781, em Viana do Castelo, filho do primeiro património de Duarte Guilherme Allen e D. Joanna Mazza, pertencente a uma família italiana, aparentada com o célebre pontífice Clemente XIV (Ganganelli.) um abastado comerciante, de vinho do Porto e têxteis, revelando desde tenra idade o gosto pelo desenho e pintura, áreas educacionais que para a época não existiam em Portugal, seu pai de ida para o Funchal o deixa entregue a seu tio e tutor, João Newell Allen, que decide enviar João Allen, então com 12 anos, para os Estados Unidos da América, matriculando-o na Escola de Georgetwon, em Washington, colégio católico mas com organização militar, dirigido por clérigos franceses, com o propósito de valorizar a sua educação e em complemento o seu gosto pela pintura. (Carneiro et al., 2007, p. 26), (Leal, 1875, pp. 252, 253)
João Allen, tivera uma educação acima da média pelo facto de ter estudado nos Estados Unidos da América, o que lhe conferia uma visão e conhecimentos mais alargados, desde o mundo dos negócios ao seu relacionamento com sociedade. De fato poderá ter sido este um dos motivos que após o seu regresso a Portugal, sua irmã, Francisca Allen Sampayo, recentemente viúva o convida para se associar aos seus negócios de exportação de vinhos (especialmente do Porto) de alta qualidade e a importação dos habituais produtos: tecidos, impermeáveis, ferro (especialmente verguinha), chapa de vidro, bacalhau e cereais. (Carneiro et al., 2007, p. 27).
Invasões Francesas
A Farda
A FARDA
As invasões francesas ocorrem, entre 1807 e 1814. Napoleão Bonaparte, numa tentativa de cessar o apoio de Portugal à Inglaterra, ordena a Junot que comande uma força militar bastante a Portugal com o objetivo de impedir este apoio. João Allen, ao contrário de outros fidalgos, decide ficar em Portugal, participando ativamente na guerra. Segundo, Dr. Costa Reis e o Professor Doutor Rui Morais, comissários da exposição João Allen – colecionar o mundo, as funções de João Allen seriam sobretudo de conselheiro e de tradutor.
Porém, através de registos é possível confirmar que João Allen esteve presente na batalha do Vimeiro, em 1808, de onde trouxe uma espingarda F55 em cuja coronha mandou gravar ‘Taken from the field of Vimeiro August 19th 1808’ (Vasconcelos, Morais, Reis, & Markl, 2018, p. 31). Neste ano ainda, pelas mãos do general Bernardim Freire, recebe um louvor militar, que o dispensa do serviço militar.
Livre dos seus compromissos de guerra, João Allen, regressa ao Porto, aceitando o convite de sua irmã, Francisca Isabel, de se associar aos seus negócios, nascendo assim a firma “Viúva Sampayo, Allen & Sousa”, também conhecida como “Widow Sampayo, Allen & C”.
Após o fim da guerra João Allen regressa a Portugal onde, mais tarde a 28 de março de 1821 toma posse de 3 moradas com casas (Santos, 2005, p. 44). Segundo Paula Santos, João Allen habitaria qualquer uma das habitações utilizando as restantes como escritório a serviço da firma, e só terá adquirido a habitação de três pisos nos Carrancas, após ter consolidado matrimónio com D. Leonor Carolina Amsinck, vinte anos de idade mais nova, oriunda de uma poderosa família de diplomatas dos Paises Baixos. Ainda em solteiro, tem interversão em praticamente todos os estabelecimentos da época, quer philantropicos, quer financeiros, sendo um dos fundadores do Banco Comercial, o primeiro banco do Porto, cujas as notas foram gravadas por desenhos seus. (Leal, 1875, p. 253)
Abaixo temos representado uma evolução da planta do Porto, nos arredores da habitação adquirida por João Allen. A imagem classificada como ‘Antes’, representa uma planta de 1841, embora creia-se que seja anterior a esta data, provavelmente de 1813, a seguinte, classificada como ‘Depois’, de 1844. Em ambas encontra-se assinalado a localização da habitação.
Através deste curto resumo da vida, depreende-se que João Allen seria uma pessoa determinada com uma forte personalidade, nascido numa família abastada, teve a possibilidade de estudar num país mais evoluído, concedendo-lhe conhecimentos e uma visão alargada do mundo e da sociedade em geral, certamente para a época, acima da média do cidadão português, mesmo os mais abastados.