Os herdeiros de Moraes e Castro, futuros Barões de Nevogilde, que auferiram uma considerável fortuna de seus Pais, decidiram empregar parte desta fortuna na construção do palácio que foi primorosamente construído e luxuosamente decorado, trabalhando n’elle alguns artistas mandados vir expressamente da Itália. (Castilho, 1908).
«Antigamente eram as paredes destes salões cobertas de cetins de cores e o das visitas de cetim branco…» e «as majestosas alegorias e paisagens a fresco» dever-se-iam a artistas vindos expressamente de Itália que aqui teriam reproduzido várias pinturas do Vaticano.» (Reis, 1984, p. 17)
Ao longo das primeiras décadas do século XIX, o Palácio dos Carrancas desempenhou um papel de relevo e acolheu hóspedes significativos. Por ocasião das invasões francesas, em 1809, foi ocupado pelo General Soult e, depois, pelos comandantes ingleses, o Duque de Wellington e o General Beresford, que requisitaram o palácio como seu quartel general. Também D. Pedro IV durante o Cerco do Porto, instalou aqui o seu quartel general, mas viu-se obrigado a abandonar o palácio por este se encontrar demasiado exposto ao fogo dos miguelistas [1], aquartelados em Vila Nova de Gaia, atingiam facilmente o palácio.
[1] . Claro é que o exercito miguelista passou a fazer alvo do palácio, chovendo constantemente sobre elle balas e granadas que muito o danificaram, entrando um dia uma bala de calibre 24 no próprio quarto de D. Pedro, despedaçando-lhe a cabeceira do leito, o que fez com que o imperador mudasse de residência. (Castilho, 1908)
Voltando à cidade com a sua filha D. Maria, em 1834, agradecendo a hospitalidade da família Morais e Castro, D. Maria II concede o título de Barão de Nevogilde a Manuel Mendes de Moraes e Castro.
Mais tarde, em 1861, Carlota Rita Borges de Morais e Castro, baronesa de Nevogilde, vende o Palácio dos Carrancas, “por 30 contos de reis, segundo se diz.” (Castilho, 1908, p. 2) a D. Pedro V[wfn]Palácio dos Carrancas, fora vendido a D. Pedro V, pela quantia de 35 mil reis, em escritura datada de 31 de outubro de 1861 (Reis, 1984, p. 33)[/wfn], passando este a Palácio Real e residência oficial aquando das visitas da Casa Real ao norte do país.
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Com a exceção da remoção das instalações da fábrica dos Moraes e Castro, o Palácio sofreu obras de reparação e melhoramentos, a bem de acomodar a família Real, mas não terá sofrido alterações estruturais (Carneiro et al., 2007, p. 43).
Em 1894 é inaugurado o Velódromo, no terreno que outrora ocupado pela quinta do Palácio do Carrancas, então propriedade da Família Real e cedido, à associação do “Real Velo Club do Porto”, sendo D. Carlos, presidente honorário (Reis, 1984, p. 37).
Após a implantação da República, D. Manuel exila-se no Brasil, lê-se em testamento conhecido após sua morte, em 1932, onde determina que o Palácio fosse entregue à Santa Casa da Misericórdia, que, por sua vez, o cederia ao Estado, em 1937, para que nele fosse instalado o futuro Museu Nacional de Soares dos Reis, inaugurado cinco anos mais tarde, em 1942.