primeiros passos
CRIAÇÃO
institucionalização
A construção do Palácio dos Carrancas, um dos mais emblemáticos edifícios da cidade do Porto, teve o seu início nos finais do século XVIII, entre 1795 e 1801, na antiga Rua dos Quarteis, atual Rua de D. Manuel II, “sôbre o risco do arquitecto Joaquim da Costa Lima Sampaio e por ordem dos dois irmãos Moraes e Castro, Manuel e Isidoro” (Ribeiro, 1941, p. 38), filhos de D. Brites Maria Felizarda de Castro, então viúva de Luís de Almeida Moraes, que formou sociedade com os seus filhos para administrar os negócios da família, adquirindo uma série de lotes de terreno, numa área onde já se registava algum edificado, para construir o Palácio, tendo este de base dois fins destintos, de residência e de unidade fabril, criando assim duas partes edificadas distintas contudo articuladas, não se deslumbre que para a época fosse comum, este tipo de construção.
Reis, P. M. N. de S. dos. (1984). OS CARRANCAS E O SEU PALÁCIO / MUSEU NACIONAL DE SOARES DOS REIS. Porto: M.N.S.R
A sua arquitetura está associada ao movimento neoclássico da época, conferindo o seu arquiteto, Joaquim da Costa Lima Sampaio, um estilo neopalladiano ao Palácio dos Carrancas, estilo que imperava em Inglaterra, apoiado em John Whitehead, a quem este prestara serviços. John Whitehead, autor do risco de outras construções marcantes na época como a Feitoria Inglesa (1790) e Hospital de Santo António.
Os herdeiros de Moraes e Castro, futuros Barões de Nevogilde, que auferiram uma considerável fortuna de seus Pais, decidiram empregar parte desta fortuna na construção do palácio que “foi primorosamente construido e luxuosamente decorado, trabalhando n’elle alguns artistas mandados vir expressamente da Italia.”
Ao longo das primeiras décadas do século XIX, o Palácio dos Carrancas desempenhou papel de relevo e acolheu hóspedes significativos. Por ocasião das invasões francesas, em 1809, foi ocupado pelo general Soult e, depois, pelos comandantes ingleses, o Duque de Wellington e o General Beresford, que requisitaram o palácio como seu quartel general. Também D. Pedro IV durante o Cerco do Porto, instalou aqui o seu quartel general, mas viu-se obrigado a abandonar o palácio por este se encontrar demasiado exposto ao fogo dos miguelistas, aquartelados em Vila Nova de Gaia, atingindo facilmente o palácio.
2018 – Partilhar Memórias.
Programa do Museu Nacional de Soares dos Reis
No âmbito das Jornadas Europeias do Património, sob o tema Partilhar Memórias, expõem um núcleo de retratos que evoca a memória de antigos habitantes do Palácio dos Carrancas.
Proprietários, hóspedes inesperados, membros da família real, fazem parte de cerca de 140 anos da história do edifício até à instalação e abertura ao público do Museu Nacional de Soares dos Reis, no Palácio dos Carrancas em 1942.
O “nascimento” do Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), remete-nos para a compreensão de o que é um Museu, – qual a sua definição? Definição, muitas vezes retratada pelos académicos nas palavras de Richard Grove[mpp_popup id=”6448″](1)[/mpp_popup], A hospital is a hospital. A library is a library. A rose is a rose. But a museum is Colonial Williamsburg, Mrs. Wilkerson’s Figure Bottle Museum, the Museum of Modern Art, the Sea Lion Caves, the American Museum of Natural History, the Barton Museum of Whiskey History, The Cloisters, and NoelFs Ark Chimpanzee Farm and Gorilla Show.
Conhecido como o primeiro museu português, surge da circunstância, poderemos até afirmar “Que da guerra nasceu um Museu”, considerando que é durante a guerra do Cerco do Porto, pelas ações do regente D. Pedro, duque de Bragança, que por decreto de 5 de dezembro de 1832, decide ao abrigo do Art. 2.º As Authoridades Criminaes das Terras, que reconhecem, ou forem reconhecendo o Governo Legitimo, procederão immediatamente a Sequestro na conformidade das Leis em todos os bens dos individuos, que de qualquer modo forem implicados no crime de Alta Traição depois do dia dezesete de Julho proximo passado, seja qual fôr a natureza dos mesmos bens, ainda os produtos vinculados, ordenando a confiscação dos bens a todos os indivíduos acusados do crime de Alta Traição, salvaguardando no artigo seguinte do mesmo decreto que seriam criados depósitos para acomodar estes bens[mpp_popup id=”6458″](2)[/mpp_popup], o que viria acontecer poucos dias mais tarde por força do decreto de 19 de dezembro, Paço do Porto, suportado num relatório de Joaquim António de Magalhães, então Ministro e Secretário d’Estado do Negócios Ecclesiasticos e de Justiça, que ordena a instauração de um Depósito Público onde seriam armazenados os bens sequestrados aos rebeldes, definindo ainda os órgãos que iriam administrar o Depósito Público. Um ato importante, pois, salvaguarda que os bens se dispersem, ou até mesmo sejam ilicitamente traficados e vendidos, mantendo-os na Coroa consolidando o Património Português.
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